Por: Nilton Lee
Padrão de beleza. Qual é o seu? Na verdade não há padrão de beleza que suspenda ou aniquile a beleza real do ser humano, por mais “fora do padrão” que ele se encontre. Simplesmente porque o padrão não consegue ditar e fechar as portas diante do que enxergamos além dos olhos, e sabemos que o belo é o que nos fala a alma, tem mais profundidade, é mais extenso, denso e às vezes, até inexplicável.
Quem criou o tal padrão de beleza? A mídia? A moda? Ambas? A verdade é que a moda, esse consumo de objetos ou mesmo de ideias, se forma mais classicamente na perseguição obstinada da sociedade pelo padrão de beleza em vigor. Em vigor? Sim. Isso mesmo. Porque esse padrão é mutante, efêmero e questionável. A moda dispensa qualquer lógica, transcende o caráter utilitário de uma peça de vestimenta ou adorno. Um dos fenômenos mais emblemáticos da pós modernidade, ela é a identidade e a identificação do sujeito perante a sociedade em que se insere.
Até os idos dos anos 70, no Nordeste, onde vivi minha infância, a cultura local dizia que a pessoa gordinha era sinônimo de prosperidade, além da clássica beleza estética, associava-se à sua imagem a figura de alguém que estava prosperando na vida. Era comum ouvirmos a expressão: “está bom e gordo?”, nos cumprimentos corriqueiros de rua entre amigos que se e encontravam. Era uma forma elementar de cumprimento.
“Tá ficando mais gordo, cada vez mais rico” – outra expressão, dava a entender que uma coisa estava sempre ligada à outra, naquela cultura que hoje não mais existe por conta do que nos impõem a moda e a mídia.
Na verdade é que nas pequenas cidades do interior nordestino, a televisão só veio a ser instalada de forma a atingir todo o território nacional da maneira que ora presenciamos, nos meados dos anos 80. Com o advento da televisão, as culturas locais, tribais começaram a sofrer influência, e os padrões de beleza foram modificando de forma rápida, e seguindo a imposição da mídia, bem como da moda externa ao seu conhecimento até então.
Kathia Castilho e Marcelo Martins, na sua obra “Discursos da moda, semiótica, design e corpo”.Colocam a seguinte consideração:
“As mídias especializaram-se cada vez mais em construir mundos perfeitos, possíveis, desejáveis, prováveis, e tanto outros nos quais se espelham os sujeitos e seus destinatários. Todas essas criações estão pautadas em estratégias narrativas, discursivas e mesmo nas de textualização que geram tais efeitos de sentido de construções de mundo, aos quais subjaz, sempre, a de ilusão de que determinado produto, publicizado pelas mídias, é absolutamente necessário, desejável, querido, fundamental, imprescindível para seus possíveis consumidores.”
Queremos seguir o padrão. Queremos ter o padrão da beleza. Mas não seria melhor seguirmos o padrão da felicidade? O sofrimento das pessoas ante o preconceito imposto pelos seguidores da estética perfeita, ante mesmo suas dificuldades em manter-se no padrão de magreza que a “roda” cobra. Será se não é um sofrimento em vão?. Quão efêmera é a moda, quão fulgás é o conceitual.
Lembro bem que há alguns anos, o padrão de beleza repousava nas mulheres de grandes bumbuns e pequenos seios, pois bem, nisso lembro também que acompanhei o caso de mulheres de seios fartos que queriam se livrar deles, torná-los menores, como mandava a regra da moda. Para isso, e para justificar cirurgias de redução, algumas inventavam até mesmo problemas na coluna. “Ah, sinto muitas dores, porque meus peitos são muito pesados”, diziam. O novo padrão é o de seios grandes. Sabe aquela dor de coluna? Sumiu. Que se danem as dores. Seios grandes estão na moda, é o que diz a mídia. Redução que nada. Silicone neles!
Lembro bem que há alguns anos, o padrão de beleza repousava nas mulheres de grandes bumbuns e pequenos seios, pois bem, nisso lembro também que acompanhei o caso de mulheres de seios fartos que queriam se livrar deles, torná-los menores, como mandava a regra da moda. Para isso, e para justificar cirurgias de redução, algumas inventavam até mesmo problemas na coluna. “Ah, sinto muitas dores, porque meus peitos são muito pesados”, diziam. O novo padrão é o de seios grandes. Sabe aquela dor de coluna? Sumiu. Que se danem as dores. Seios grandes estão na moda, é o que diz a mídia. Redução que nada. Silicone neles!
Efêmera, cruel, mas seguida, consumida, adquirida. Assim é a moda, na perseguição implacável ao padrão de beleza. A felicidade, porém, pode habitar em outros valores. Em você aceitar-se, curtir-se, respeitar-se e se fazer respeitada, amada e poderosa tal qual você é. Ninguém, afinal, vive a vida sobre uma passarela, desfilando roupas de griffe. A vida é mais que isso!
* Nilton Lee é jornalista , assessor de comunicação, editor do Jornal Panorama Regional.
É um sensível observador da humanidade e suas transformações e colunista da Revista Beleza em Curvas.
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