quarta-feira, 31 de março de 2010

"Eu estou fazendo minha parte faça a sua ".



Modelo e empresária do ramo Plus Size deixa seu recado: "Eu estou fazendo minha parte faça a sua e assim iremos mostrar todos os nossos valores e nossa beleza."


Não é de hoje que podemos observar o crescimento do mercado de modelos PLUS SIZE, ou popularmente conhecida como modelo GG, nas páginas de revistas e em campanhas publicitárias. Atualmente este mercado está se expandindo até ás passarelas mais badaladas. No Brasil e no Mundo isso exige aperfeiçoamento. Renata Issas é empresária e está trazendo para RIO PRETO este movimento tão comentado.


AG: Qual a sua posição sobre o crescimento do movimento GG no Brasil? Essa tendência vem de outros Países? 

Renata Issas: Bem,diante de muitas pesquisas e estudos que venho fazendo ,há mais de um ano, posso dizer que o crescimento é satisfatório e promissor, pois a cada dia que passa estamos conseguindo conquistar nossos espaços, ou melhor, um espaço que sempre foi nosso.Este movimento se iniciou nos ESTADOS UNIDOS,quando uma brasileira foi convidada para fazer um ensaio fotográfico. Fluvia Lacerda depois disso explodiu de tanto trabalho. É claro que contou com sua beleza e competência, com isso nos abriu também as portas aqui no Brasil, deixando bem claro que é possível ser bonita e talentosa mesmo sendo gordinha (risos).

AG: Você acha que isso mudará a visão da sociedade em relação ás pessoas ditas “fora do padrão”?

Renata Issas: Eu acho que isso mudará sim, mas ainda requer tempo para que isso aconteça porque na teoria tudo é mais fácil, difícil é na prática e no dia a dia, é preciso que as pessoas entendam que a beleza não esta no seu tamanho ou no seu peso e sim na sua essência, no seu caráter, nas coisas boas que você tem para oferecer ao próximo. Para mim não existe um padrão sou eu quem determino se estou bem comigo, esse é meu padrão estar de bem com a vida, ou seja, eu sou meu padrão jamais permitirei que alguém dite padrões de beleza para mim.

AG Assessoria: Você acha que a sociedade está madura para aceitar essa mudança?

Renata Issas: Então, como tudo em nossa vida é preciso perseverança. A sociedade ainda não está muito preparada acho que isso é questão de cultura principalmente em se falando do interior. Nas capitais, as coisas fluem naturalmente e facilmente. Mas posso dizer que o preconceito está nas próprias gordinhas, ou seja, nas mulheres fora do peso. Desde o começo do meu trabalho observei que quando abordo alguma mulher linda e bela e comento sobre o trabalho direcionado às gordinhas, e que procuro mulheres bonitas e talentosas para minha agência de modelos PLUS SIZE, elas respondem me olhando como se fossem me matar. “O que você está querendo me dizer”?
Então, antes de qualquer coisa, é preciso que as mulheres se aceitem e comecem a buscar outros valores e não somente a estética, pois somos muito mais do que um belo corpo, somos mulheres e isso já nos faz belas. É possível criar algo lindo em cima da diversidade.



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segunda-feira, 29 de março de 2010

Fatkut, a rede social dos fofinhos

 

Você já ouviu falar em uma rede social especilmente criada para gordinhos?
 Ainda não? Pois as nossa colegas dos Blogs Cotidiano Gordo e Beleza sem Tamanho se uniram e criaram o Fatkut, isso mesmo, uma espécie de Orkut pra fofinhos. O objetivo é  que cada vez mais esse público se una se conheça e consequentemente se fortaleça e ganhe seu espaço mais que merecido. Amados, a união faz a força...desde sempre.

Parabéns meninas por essa super iniciativa. 
Eu já me cadastrei, agora estou esperando a aprovação do meu cadastro.

Sucesso pra vocês e contem com a gente.

Cadastre-se agora


Foto: Fat Family - divulgação



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Elle francesa espera gerar polêmica com editorial tamanho grande




A Ediçao de abril da Elle francesa chega à bancas com uma capa de peso, na contramão da pesquisa americana que garante que ver modelos gordinhas em campanhas e ensaios contribui para baixar a autoestima das mulheres.
A top plus-size Tara Lynn é a capa da revista e estrela do editorial de mais de 20 páginas, ostentando seu exuberante manequim 48
Com fotos de David Oldham, o ensaio promete causar polêmica, já que as curvas generosas de Tara podem ser vistas até em uma imagem dela nua. 

Cheia de estilo, a modelo plus-size aparece nas páginas da Elle usando peças de grifes como Chanel, Chloé, Hermès e Tommy Hilfiger, entre outras. Confira uma amostra do ensaio na galeria abaixo.






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domingo, 28 de março de 2010

Presente de domingo




Meu desejo é que você resagate todos os sonhos que estão adormecidos dentro de você, sabe aqueles que um dia você sonhou e que com as agruras da vida eles foram se perdendo, olha pra dentro e encontra aquilo que ficou encoberto e deixa vir à luz, encontre-se, de novo, com você... Sinta-se livre pra viver teus sonhos.


Pra você, com muito carinho

Voa coração

Que a minha força te conduz

Que o sol de um amor

Em breve vai brilhar

Vara escuridão

Vai onde a noite esconde a luz

Clareia seu caminho e acende seu olhar

Vai onde a aurora mora

E acorda um lindo dia

Colhe a mais bela flor

Que alguém já viu nascer

E não se esqueça de trazer força e magia

O sonho e a fantasia

E a alegria de viver

Voa coração

Que ele não deve demorar

São tantas coisas mas quero lhe oferecer

O brilho da paixão

Pede uma estrela pra emprestar

E traga junto a fé

De um novo amanhecer

Convida a lua cheia, minguante e crescente

De onde se planta a paz

Da paz quero a raiz

E uma casinha lá onde mora o sol poente

Pra finalmente a gente simplesmente

Ser feliz.

Ouça


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sábado, 27 de março de 2010

Orkut do Blog


Oi pessoal, agora estamos no Orkut

Acessem e entrem:



Beijos e beijos


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Segredos de auto estima




Na descrição do meu perfil diz que eu adoro dividir o que eu aprendo e então aí vai...

Queridas, tem gente que já nasce estreando, sabe, tipo, "Deus disse: desce e arrasa". Se não é o seu caso não fique triste, em tempos de globalização é possível aprender de tudo até a arrasar. Há algum tempo conheci através da TV uma pessoa muito especial que depois passou a fazer parte da minha história de vida renovada, claro que tudo começa com uma atitude, sabe como é? As informações estão aí, sobre todos os assuntos, todas as coisas, são tantas e tantas coisas que a gente conhece superficialmente, que já ouvimos falar, que alguém já comentou que a gente sente que sabe tudo. Infelizmente, informação não é conhecimento, o conhecimento demanda concentração, estudo, empenho, leitura de qualidade e desejo de saber.

Quantas vezes as pessoas deixam de apender algo simplesmente por não ter a humildade de dizer, nossa nunca pensei nisso ou puxa e tem outro jeito de fazer? Eu sei, ninguém quer passar por desavisado ou demonstar desconhecimento em nenhuma matéria. Posso te garantir que também já fui assim e admito não foi fácil deixar de ser, na verdade luto todos os dias contra minha ignorância e pra isso precisei aprender a dizer não sei, não conheço, pode explicar, coisas assim. 

Enfim, sobre a pessoa da TV. um dia ví no Faustão uma pessoa que se entitulava professora de artes sensuais, claro, parei tudo e fui assistir, o propósito era que ela iniciasse um striptease e desse algumas dicas possíveis para o horário. Nessa linha tênue existente entre a sensualidade e a vulgaridade a atitude da pessoa é o que demonstra toda a diferença. E nela senti uma sensualidade respeitosa, entende? Quis informações sobre ela e descobri onde ministrava seus cursos e claro a vergonha e a timidez me impediram de participar por alguns anos.

Um dia afinal não resisti e me inscrevi num workshop de Nelma Penteado, o primeiro deles, é dona Nelma Penteado tem o dom de nos deixar viciadas nos seus ensinamentos. Uma pessoa doce, alegre, sincera, e que realmente se importa com cada uma de suas alunas, não está preocupada em te mostrar teus defeitos mas em ressaltar as tuas qualidades, diria mais, ela nos apresenta a um velho companheiro que ainda não conhecíamos, nós mesmos. Singular, daquelas paixões à primeira vista que se torna amor eterno.

Claro, aprendi a fazer o tão esperado striptease, mas de tudo que ela me ensinou naquele dia foi a coisa mais simples, tirar a roupa pode não ser uma coisa muito fácil, não é, mas mais difícil é aprender a se olhar de frente a reconhecer beleza em mim e entender que a atitude faz toda a diferença, como diz a dona Nelma, o striptease da alma é o mais difícil. Bom, como nunca me senti uma gostosona, nem aquilo que dizem ou diziam na minha época, uma mulher de arrasar quarteirão, acho que é velha essa, né? Aprendi que tinha isso tudo guardado dentro de mim, não é o máximo a gente aprende sobre a gente mesmo.

Um conselho de amiga, de irmã...você precisa participar de um curso dela. Garanto, vai fazer diferença na sua vida, e eu nem to falando na sua vida sexual, to falando no seu dia a dia. Lembra o que eu disse no começo, então, sempre dá pra aprender a arrasar. Realmente, não sou dada a tietagens, poucas pessoas gozam desse privilégio comigo, mas pra essa querida eu tiro o chapéu.  Segue um aperitivo deste menu chiquésimo que ela nos oferece:


Alguns conselhos de Nelma Penteado, a diva da auto estima:
















Mulher Diamante é uma mulher feliz. (Mulher Diamante é o que nos tornamos depois de acesso a seus segredos).
Feliz porque se gosta, se ama e se valoriza.é uma mulher com ótima auto-estima.Ela tem atitudes no seu dia-a-dia que transformam sua vida e a de seu parceiro em algo maravilhoso.



Os 12 mandamentos da Mulher Diamante 

1º : goste de si mesma
2º : tenha noção do seu valor e poder
3º : tenha respeito por si própria
4º : tenha bom humor
5º : Cuide de seu relacionamento, sem sacrificar sua alegria, seus sonhos e suas vontades
6º : Entenda que não há relacionamento perfeito. O que existe é um dia de cada vez.
7º : Por mais que ame alguém, não deposite todo o sentido de sua vida nesse relacionamento
8º : Chore menos e raciocine mais
9º : Não perca tempo precioso na vida com homem que não vale a pena
10º : Rime vida a dois com tesão, emoção e paixão – nunca com depressão, frustração e acomodação
11º : Valorize cada momento como se fosse o último
12º : Seja uma rainha do sexo e do amor


 E, só pra você ficar com água na boca, vou passar o prospecto de um dos seus cursos:


Workshop Mulher Diamante

O segredo de uma mulher marcante e sedutora é a sua autoestima. 
Se você não se gosta e não se admira, ninguém irá te notar. Transforme-se num Diamante. Intensifique seu poder feminino e seja uma mulher vencedora na vida e no amor. Depois deste evento você não será mais a mesma.

Se a sua vida PROFISSIONAL está ótima, mas a AFETIVA está uma droga, você é feliz? Se sua vida SENSUAL estiver maravilhosa, mas a PROFISSIONAL péssima, você é feliz? Se a vida AFETIVA estiver incrível, mas a vida PESSOAL deixando muito a desejar, você é feliz?
Ufa! Parece impossível conseguir conciliar felicidade e harmonia nos principais tópicos de nossa vida: PROFISSIONAL, PESSOA, AFETIVA, SENSUAL E ESPIRITUAL!
Parece impossível, MAS NÃO É!
Se você mulher, deseja também, ser uma vencedora em todos os segmentos de sua vida, este evento é para você!

Se tem o desejo de:
- tornar-se uma mulher marcante e inesquecível;
- adquirir mais força e confiança diante dos desafios;
- conhecer dicas para intensificar seu poder feminino;
- aumentar sua auto confiança e auto estima poderosamente;
- tornar-se uma mulher vencedora na vida profissional, espiritual, sensual, afetiva e pessoal;
Não pode deixar de conhecer o maravilhoso evento: WORKSHOP MULHER DIAMANTE!
Assistido e aprovado por mais de um milhão de mulheres. Agora é a sua vez! Depois deste evento, sua vida não será mais a mesma! Nem você!


Demais, não é?
Queridas, eu atesto, não é propagenda enganosa mesmoooo.


Vou deixar os contatos pra você

Central de Atendimento: 11 2451-3000




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Pessoas acima do peso incomodam


Eliane Brum


Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). 





Reprodução integral


Assisti à “Gorda”, peça teatral em cartaz no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo. Ri muito. Em certo momento, meu riso ficou triste. Eu estava triste. Não pela gorda da peça, mas por me reconhecer no preconceito contra ela. No final, chorei.

Este é o enredo. Helena e Tony se conhecem num restaurante. Ela é gorda. Não gordinha. Gorda mesmo. Helena é vivida com muita competência pela atriz Fabiana Karla, de Zorra Total (TV Globo). Segundo a sinopse oficial, a personagem está 30 quilos acima do peso. Se compararmos com uma das modelos da moda, deve estar uns 50. Tony (o ótimo Michel Bercovitch) gosta dela. Ela é inteligente, divertida, sensual. Bonita. Helena gosta dele. Os dois se apaixonam. Mas, como um cara jovem, bem sucedido, MAGRO e disputado pelas mulheres MAGRAS pode escolher uma gorda, amar uma gorda, ser feliz com uma gorda?


Dá pra ser feliz com uma gordinha?

A reação social diante da versão de amor impossível da nossa época é protagonizada por Caco (Mouhamed Harfouch), amigo e colega de trabalho de Tony, e por Joana (Flávia Rubim), sua ex gostosa, cujo maior temor da vida é engordar. São eles que representam, no enredo e no palco, pessoas como nós – sempre menos magras do que gostariam, magras o suficiente para não serem chamadas de gordas na rua.

O texto do americano Neil Labute é inteligente, rápido, fatal. Rimos muito. Primeiro, com ela. Helena é uma mulher bem-humorada. Como muitos gordos, defende-se fazendo piadas sobre seu tamanho. A velha regra: adiante-se, ria de si mesmo, antes que os outros o façam com a crueldade habitual. Se perder o timing, não acuse o golpe – ou nunca mais o deixarão em paz.

Aos poucos, começamos a rir muito dela (e não mais “com” ela), pelas piadas de Caco, ao descobrir que o amigo está namorando uma “porca gorda”. Fat Pig é o nome original da peça. Mas gostamos de Helena, testemunhamos o apaixonamento dos dois, sabemos que eles são felizes juntos. E passamos a nos sentir mal de rir, ainda que continuemos rindo. Não queremos ser como Caco – muito menos como Joana. Mas somos tão parecidos!


Emagrecer não é a única alternativa – seja para atender ao padrão de beleza vigente ou para responder ao modelo de saúde atual


Nós – o senso-comum sentado na plateia – somos o mais próximo de um vilão que esta peça produz. O texto e os atores são competentes o suficiente para fazer com que a gente prefira não vencer. Torcemos para que Helena e Tony consigam ficar juntos, apesar de nós. Torcemos para que eles consigam vencer nosso preconceito e nos tornar melhores do que somos. Não sei se torceríamos assim num episódio da vida real. E esta é a questão que a peça também nos deixa.
O final é brilhante.

Acho que vale a pena pensar sobre as questões que esta peça provoca. Começando por: qual é o nosso problema com os gordos?
Sobre a transformação do padrão de beleza, das rechonchudas musas da Renascença às modelos esquálidas e/ou musculosas de hoje, já se escreveu bastante. A pergunta que me desperta maior interesse não se refere – apenas – ao fato de acharmos as gordas feias, de relacionarmos gordura com feiúra. A questão que mais me intriga é: por que muitos acham as gordas (e os gordos) repugnantes? Se você não disse ou pensou, já ouviu alguém dizer: “olha que gorda nojenta!”.
Horrível. Mas tão comum que nos obriga a ir em frente.

“Que pena, tem um rosto tão bonito...”

Com todas as diferenças que, para nossa sorte, garantem a diversidade do mundo, somos impelidos a ser politicamente corretos. Fazer piadas com aquelas que foram as vítimas de sempre até não muito tempo atrás, como negros, gays, deficientes etc, pega mal hoje em dia. Temos de ser politicamente corretos ou corremos o risco de ser processados – ou mesmo de acabar na cadeia. Por que o privilégio de não ser ridicularizado não foi estendido aos gordos? Sobre os gordos podem ser ditas as coisas mais cruéis. E ainda se manter do lado certo da força.

O que diz o senso comum sobre os gordos? Primeiro, que são feios. Em geral, o máximo de elogio que um gordo consegue arrancar é: “Que pena, tem um rosto tão bonito...”. Dizem que são preguiçosos. Se fizessem exercícios – e como ousar não se exercitar neste mundo? – perderiam aquela pança. Afirma-se também que são sem-vergonhas. Se tivessem vergonha na cara, respeito próprio, fechariam a boca e seriam magros. E, então, poderiam pertencer ao clube dos magros felizes (????!!!!).

Nestes tempos em que que se compram peitos, bocas e bundas no crediário é imperdoável não arrancar a gordura à faca
 
Portanto, segundo o senso comum, além de feios e preguiçosos, gordos também teriam falhas de caráter. E, como tudo, para as mulheres acima do peso é ainda pior. Neste mundo em que se compram peitos, bocas e bundas no crediário, soa imperdoável não arrancar a gordura à faca. Já ouvi muitas vezes frases como estas, referindo-se a alguém com mais quilos do que o “permitido”: por que não faz logo uma cirurgia de redução de estômago? Seguida por uma cirurgia reparadora e uma lipoescultura? Simples assim.

Sobre o estado psíquico dos gordos, a percepção é confusa. Por um lado, persiste a ideia de que todo gordo é engraçado. É um pândego. Como bobo da corte ou comediante, ele pode ser aceito. Nós mesmos, só conhecíamos Fabiana Karla como atriz do Zorra Total. Ninguém imaginou que, ainda que fazendo o papel de “gorda”, ela pudesse ter outros recursos que não a graça. Que os gordos mostrem nuances que não virem piada nos surpreende. Que eles possam nos fazer pensar sobre outras dimensões da vida é inesperado. Que tenham questões existenciais que não girem em torno de uma balança é estarrecedor.

Por outro lado, o senso comum também diz que, se é gordo, só pode ser infeliz. A maioria de nós acredita e repete isso. Fulano come demais, é infeliz. Fulano não consegue fechar a boca, é infeliz. Fulano compensa a infelicidade comendo. Ora, desde quando magreza se tornou sinônimo de felicidade? Você, magro ou magra, é loucamente feliz? Está rolando de rir vida afora? Ops, magros não rolam.

Fulano come demais, é infeliz. Fulano não consegue fechar a boca, é infeliz. Fulano compensa a infelicidade comendo. Ora, desde quando magreza se tornou sinônimo de felicidade? Você, magro ou magra, é loucamente feliz? Está rolando de rir vida afora? Ops, magros não rolam.

O mais disfarçado dos preconceitos vem embalado pelo discurso da saúde. É verdade que a obesidade está crescendo no Brasil. E é verdade que isso é sério. E é legítimo e relevante pensar e discutir o fenômeno com responsabilidade.

Mas será que não há um exagero nisso? Ou pelo menos do uso preconceituoso que se faz de uma questão tão séria? Hoje, quando olham para um gordo, além de feio, preguiçoso e sem-vergonha, muitos enxergam também um doente. Gordura virou sinônimo de doença. E nossa sociedade, que morre de medo de morrer, foge da doença. E das pessoas doentes. Os gordos parecem ser os leprosos de nosso tempo. E esta seria minha primeira hipótese para a repugnância que as pessoas gordas parecem evocar.

Meu irmão do meio não tem um grama de gordura a mais no corpo, come alimentos saudáveis e se exercita com método: a cada semana corre quatro dias, faz musculação e natação em outros dois. Ainda assim, é um pré-diabético.

Não se trata de afirmar que a gordura não está relacionada a doenças – ou que a obesidade não seja uma doença. A Organização Mundial da Saúde afirma que é, quem sou eu para discordar. Só tento mostrar que é preciso tomar cuidado para não cometermos as mesmas crueldades que nossos antepassados consumaram ao exorcizar epiléticos, isolar leprosos. Todas essas práticas sempre foram realizadas em nome do “bem”. Guardadas as proporções e o momento histórico, nossa sociedade pode estar transformando os gordos, com os instrumentos desta época, nos culpados pela nossa impotência diante da doença e da morte.

Hoje a vida tornou-se uma patologia. Difunde-se que muito do que sentimos não deveríamos sentir. O ideal seria só sentir alegria num corpo magro, musculoso e eterno. Para cada sentimento e estado que extrapole estes limites impossíveis há uma patologia e uma penca de remédios e procedimentos cirúrgicos para “curá-la”. Acredito que vale a pena ter um pouco de cautela, enfiar alguns pontos de interrogação na cabeça, antes de sairmos rotulando todos os gordos como doentes. E, pior, com uma doença que dependeria só de boa vontade individual para ser curada.

Só tento mostrar que é preciso tomar cuidado para não cometermos as mesmas crueldades que nossos antepassados consumaram ao exorcizar epiléticos, isolar leprosos. 

Eu sou mais ou menos magra. Longe, bem longe do peso de uma modelo, mas ninguém me chamaria de gorda na rua. A maior parte da minha família é magra. E todos nós temos doenças. Eu tenho quatro hérnias de disco. Meu pai, mesmo com um metabolismo fenomenal e índices de colesterol e triglicérides perfeitos, tem problemas cardíacos desde jovem. Meu irmão do meio não tem um grama de gordura a mais no corpo, come alimentos saudáveis e se exercita com método: a cada semana corre quatro dias, faz musculação e natação em outros dois. Ainda assim, é um pré-diabético.

Parece-me lógico que o envelhecimento traga doenças. A vida nos gasta. Nosso corpo também tem prazo de validade. Pela biologia, estamos prontos para morrer assim que alcançamos a idade reprodutiva, transmitimos nossos genes e criamos nossa prole. Conseguimos, à custa da Ciência (e ainda bem que conseguimos!) espichar nosso tempo de vida e até com qualidade crescente. Mas, infelizmente, não vamos nos livrar das doenças. Nem de morrer. É duro olhar para os limites. Mas não fazê-lo pode ser pior.

Os gordos podem ser vítimas de nosso medo de morrer. Pagam um preço alto pela nossa dificuldade de lidar com a desordem inerente à existência humana. Tornamos suas vidas insuportáveis – inclusive as lojas bacanas, que se recusam a oferecer números maiores que 42 – porque eles apontam em seus excessos aquilo que nos falta a todos: controle sobre a vida. Esta é uma hipótese, apenas. Acredito que existam muitas outras.

Ser capaz de reter gordura, aliás, garantiu nossa sobrevivência por milênios. Quando os gordos lutam para ser magros, estão brigando contra a biologia.

Acho importante tentar compreender porque insistimos em jogar os gordos na fogueira contemporânea. Por todas as razões que dizem respeito à vida de todos – e principalmente para não infligirmos sofrimento ao outro que nos ameaça com sua diferença. Só sei o óbvio: tanto medo, capaz de causar repugnância, revela mais sobre os magros do que sobre os gordos.

Talvez, num dia próximo, não seja preciso escrever em termos de “nós” – e “eles”. A vida é diversa. Sempre houve os magros, os gordos, os altos, os baixos, os de olhos azuis, os de pele escura. Esta riqueza é um patrimônio humano que fez muito bem à espécie. Ser capaz de reter gordura, aliás, garantiu nossa sobrevivência por milênios. Quando os gordos lutam para ser magros, estão brigando contra a biologia. Algo nada fácil de fazer. Muito menos de vencer.

Se engordamos – por herança genética ou outras razões –, não há um só caminho a seguir, uma única estrada para a luz. Pelo menos acredito que não. Emagrecer não é a única alternativa – seja para atender ao padrão de beleza vigente ou para responder ao modelo de saúde atual. A vida é um pouco mais complexa que isso. E há muitas maneiras de medir sua qualidade – assim como o significado de uma existência plena varia de uma pessoa para outra tanto quanto sua disposição genética para esta ou aquela doença.

Não é apenas uma questão de arrancar gordura do corpo. O que está em jogo é bem mais do que isso.

Se um dia eu engordar muito e tiver problemas de saúde por causa do peso, possivelmente vou optar por continuar comendo minha feijoada semanal. Porque comer o que gosto é uma dimensão essencial da vida para mim – importante o suficiente para não abrir mão dela. Para outra pessoa, privar-se de seus pratos preferidos pode valer a pena em nome de uma vida mais longa ou de vestir um tamanho 38. Cada um tem suas prioridades. É bom lembrarmos que o pensamento dominante atual sobre a saúde não é apenas um produto do avanço da medicina, mas um produto da cultura. E do mercado.

A “gorda” da peça teatral não quer ser magra. Depois de um percurso sofrido na adolescência, ela gosta do que é. E nós, na plateia, também gostamos. Em determinado momento, percebemos que, se ela reduzir o estômago e fizer uma super dieta, algo essencial dela se perderá. Não é apenas uma questão de arrancar gordura do corpo. O que está em jogo é bem mais do que isso.

“Gorda” nos dá a oportunidade de enxergar mais que um acúmulo de células adiposas em outro ser humano. Ao olhar para Helena, a personagem da Fabiana Karla, nos deparamos também com o tamanho extra-large de nosso preconceito. Mesmo quando embalado em nossas melhores intenções.


Para saber mais




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O corpo feminino

 

"Não importa o quanto pesa. É fascinante tocar, abraçar e acariciar o corpo de uma mulher. Saber seu peso não nos proporciona nenhuma emoção. Não temos a menor idéia de qual seja seu manequim.. Nossa avaliação é visual, isso quer dizer, se tem forma de guitarra... está bem. Não nos importa quanto medem em centímetros - é uma questão de proporções, não de medidas.

As proporções ideais do corpo de uma mulher são: curvilíneas, cheinhas, femininas...  Essa classe de corpo que, sem dúvida, se nota numa fração de segundo. As magrinhas que desfilam nas passarelas, seguem a tendência desenhada por estilistas que, diga-se de passagem, são todos gays e odeiam as mulheres e com elas competem. Suas modas são retas e sem formas e agridem o corpo que eles odeiam porque não podem tê-los.

Não há beleza mais irresistível na mulher do que a feminilidade e a doçura. A elegância e o bom trato são equivalentes a mil viagras.

A maquiagem foi inventada para que as mulheres a usem. Usem! Para andar de cara lavada, basta a nossa. Os cabelos, quanto mais tratados, melhor.

As saias foram inventadas para mostrar suas magníficas pernas... Porque razão as cobrem com calças longas? Para que as confundam conosco? Uma onda é uma onda, as cadeiras são cadeiras e pronto. Se a natureza lhes deu estas formas curvilíneas, foi por alguma razão e eu reitero: nós gostamos assim. Ocultar essas formas, é como ter o melhor sofá embalado no sótão.

É essa a lei da natureza... que todo aquele que se casa com uma modelo magra, anoréxica, bulêmica e nervosa logo procura uma amante cheinha, simpática, tranqüila e cheia de saúde.

Entendam de uma vez! Tratem de agradar a nós e não a vocês. porque, nunca terão uma referência objetiva, do quanto são lindas, dita por uma mulher. Nenhuma mulher vai reconhecer jamais, diante de um homem, com sinceridade, que outra mulher é linda.

As jovens são lindas... mas as de 40 para cima, são verdadeiros pratos fortes. Por tantas delas somos capazes de atravessar o atlântico a nado. O corpo muda... cresce. Não podem pensar, sem ficarem psicóticas que podem entrar no mesmo vestido que usavam aos 18. Entretanto uma mulher de 45, na qual entre na roupa que usou aos 18 anos, ou tem problemas de desenvolvimento ou está se auto-destruindo.

Nós gostamos das mulheres que sabem conduzir sua vida com equilíbrio e sabem controlar sua natural tendência a culpas. Ou seja, aquela que quando tem que comer, come com vontade (a dieta virá em setembro, não antes; quando tem que fazer dieta, faz dieta com vontade (não se saboteia e não sofre); quando tem que ter intimidade com o parceiro, tem com vontade; quando tem que comprar algo que goste, compra; quando tem que economizar, economiza.

Algumas linhas no rosto, algumas cicatrizes no ventre, algumas marcas de estrias não lhes tira a beleza. São feridas de guerra, testemunhas de que fizeram algo em suas vidas, não tiveram anos 'em formol' nem em spa... viveram! O corpo da mulher é a prova de que Deus existe. É o sagrado recinto da gestação de todos os homens, onde foram alimentados, ninados e nós, sem querer, as enchemos de estrias, de cesárias e demais coisas que tiveram que acontecer para estarmos vivos.
 
Cuidem-no! Cuidem-se! Amem-se!

A beleza é tudo isto. "

Paulo Coelho

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sexta-feira, 26 de março de 2010

Para amar uma gordinha




Outra da Internet, da página do orkut do meu amigo Edinho

Para se amar uma gordinha, antes de mais nada
Faz-se necessário
achá-la!
Não, não se acham gordinhas por aí!
Gordinhas são como um vinho muito raro,
Fruto de uma colheita precisa,
No tempo certo,
Da uva perfeita,
Da maturação exata.
Procure, converse com quem sabe,
Peça ajuda a quem tem!
E com toda a calma, achando uma,
Com o coração na mão,
Declare-se apaixonadamente!

Uma vez resolvido este problema,  
Trate de aprender algumas coisas:
A diferença entre a sacarose e a sacarina,
Entre um almoço e um lanchinho,
Mas, principalmente,
Aprenda a diferenciar,
O "amor vamos comer uma coisinha!"
Do "amor", vamos fazer uma boquinha!"
Procure não misturar,
O ato com o prato,
O teso com o peso,
O come com a fome,
E trate de viver feliz e em paz!


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quinta-feira, 25 de março de 2010

Sou gorda sim






Encontrei este texto na Internet, sem assinatura infelizmente, mas achei muito legal e quis compartilhar com vocês.
Se alguém souber quem é o autor me diga.


Sou gorda sim!!!
Tenho o corpo envolto por camadas
delicadas e macias.
Sou a tradução do teu desejo,
a amante amada, a tão desejada mulher no sentindo pleno.
Tenho em mim, voluptuosa curvas que atrevem os seus
olhares mais indiscretos,
sou a meretriz dos seus sonhos mais secretos,
meu cheiro, minha pele, minha figura e minhas formas te desafia a desejos incontroláveis.
Tenho pesares
por estas raquíticas mulheres
que não sabem dos prazeres carnais
de uma mulher tenra.
Sou fonte de libido
jorrando de um corpo farto de delícias e curvas.
Meus grandes seios te convidam
aos prazeres da alcova,
minhas tão suntuosas ancas se abrem
como feitas para o coito.
Tenho a natural feminilidade
guardada em carnes macias, arredondadas, quentes e muito cheirosas.
E quero ser tocada por homens de verdade que sabem tocar uma mulher
no âmago de sua mais pura sensibilidade.



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Comer, como é bom.


Entre as necessidades mais básicas do ser humano está comer. Não dá pra viver sem comida, certo? Sabemos que existem pessoas que comem pra sobreviver apenas, realmente não entendo como isso funciona, mas sei que existe. Bom, como tem louco pra tudo no mundo, não há de se estranhar nada. Estive pensando sobre isso e lembrei-me sobre os sete pecados capitais, entre eles a gula. E, acabei por entender qual outro pecado é desenvolvido através da gula, o que move a sermos, nós gordinhas, tão incômodas a outros mortais, a inveja.

Sou uma libertária inata, como tal, acredito que as pessoas tenham o direito a ser livres, livres pra viver, pra ser feliz, livres pra comer. Sabe aquela amiga que come tudo que tem vontade e não engorda um graminha? Pois é, a gente pode pensar que este é o tipo ideal, mas, nem sempre estaremos certas. A gente nunca sabe o que realmente acontece no corpo das pessoas e mais a gente não conhece as pesssoas, intimamente pra saber o que de fato acontece. Agora, um universo que conheço bem é o outro lado da balança, aquele que de gente que come e engorda. E isto me faz lembrar de uma música super antiga, quase jurássica, do Roberto Carlos, muito antes destes tempos de culto ao corpo "tudo que eu gosto é ilegal é imoral ou engorda"...No meu caso, tudo engorda.  Arroz e feijão engorda, bife com batata frita também e até salada. Ah, mas esse hábito delicioso de não resistir a uma torta de limão, a um sorvete de doce de leite, a uma boa feijoada, ah meu Deus, será que sou uma pecadora incorrigível?

Falando de liberdade é muito fácil saber porque as gordinhas são mais alegres, simpáticas, falantes, sorridentes e há quem afirme que somos especiais na cama. Não somos contidas, fechadas, não temos restrições em viver cada um dos prazeres da vida. Já ouvi dizer que as gordinhas são assim, pelo fato de terem que compensar não serem bonitas. E aí vai outro pecado, a mentira. Mentira, que a gente veio muitas vezes aceitando mesmo sabendo a verdade. Somos assim porque somos bonitas integralmente, por dentro e por fora. É claro, que deve haver alguma gordinha antipática e amarga, mas isso deve-se a ainda não ter descoberto dentro dela o prazer de ser única e estas estão em tal minoria que entram no bolo das simpáticas..

Por fim comer desperta inveja, e inveja brava. O comer sem culpa, com total desfrute do prazer, sem ficar naquela neura de contar calorias ou fazendo aquela cara de nojo dizendo, ah hoje vou ser obrigada a quebrar a minha dieta. Entendam não estão falando pra você se empanturrar até passar mal, isso de fato não é legal. Em tempos de ditadura das dietas, o desejo incessante por deixar amostra os ossos da saboneteira comer sem culpa se torna uma verdadedeira eresia. E sabe uma coisa, dane-se quem se sente invejado de nos ver comer, de nos ver viver. A gente quer mais é ser feliz e como diz o bordão da nossa querida Fabiana Carla, "ser feliz poooode".


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terça-feira, 23 de março de 2010

Sobre muitas coisas



Na verdade, nunca gostei muito da idéia de Blogs, nunca tive um diário pessoal. Já tive, aliás, tenho dois, um de poesias, que eu adoro e outro que pretendia ser um diário. Porém, em nenhum dos casos fui adiante. Por que então fazer um novo blog? Vou contar o que motivou. Primeiro foi a experiência com o meu ex marido que quase acabou comigo, minha auto estima e vontade de fazer qualquer coisa na vida, graças a Deus superei. Depois a observação em de que nós, gordinhas, temos formado na sociedade uma espécie de classe, entende? Uma Instituição Social, como seriam negros, judeus, homossexuais, entidades religiosas etc.  Claro, cada uma tem sua vida, seu meio, seu modo de viver, mas estamos unidas pelas experiências vividas, cada uma tem a sua, mas no fundo guardamos delas sentimentos semelhantes. De repente, você pode até não de mim ou eu de você, mas se precisar fazer passeata na Paulista estaremos juntas. Por fim, um dia chegando do trabalho, no hall do prédio onde moro, entrei no elevador com uma mulher linda, elegante mesmo, bem arrumada, bem vestida, que nunca tinha visto antes, disse "boa noite" e ela me perguntou se eu era feliz sendo tão gorda assim, na hora até pensei que ela era vendedora de algum produto para emagrecer e essa seria uma abordagem de venda, mas depois descobri que era crueldade, simples assim. Respondi que era muito feliz tanto quanto seria com quilos a menos, porque pra mim felicidade não está vinculada ao tipo físico. Gente, fiquei passada com isso, graças a Deus, hoje não tenho mais nenhum complexo quanto ao peso, mas e se fosse com uma pessoa que tenha esse tipo de problema com a imagem. Acho mesmo que nós incomodamos muita gente. A primeira coisa que fiz foi abrir uma página no Orkut e entrei em todas as comunidades de gordinhas pra entender um pouco essa problemática toda. Convidei algumas pessoas e outras  foram chegando, abri uns álbuns com fotos de gordinhas lindas  e aconteceu o inesperado, recebi vários recados de outras gordinhas que gostaram do que eu estava fazendo, outras desabafando, e passei a aconselhar, incluir no MSN e me tornar amiga delas.Isso é tão gratificante, poder ajudar com tão pouco, sem que elas sequer soubessem que estão me ajudando muito mais, me fortalecendo, me inspirando. Acredito em Deus e acredito que tudo que a gente faz, recebe de volta. E, sei que cada uma destas pessoas que sem saber me deram força, vão ser muito mais fortalecidas. Ah, sobre o Orkut, ontem fui tirada do rede, o texto explicativo dizia que foi por violação de direitos e divulgação de material impróprio. Meu crime foi fazer álbuns com lindas mulheres gordinhas, uma reunião de obras de artes, desenhos e fotos, sem pornografia ou nada indecente, sem invadir a privacidade de ninguém, usando apenas figuras públicas, essas coisas, pessoas que se amam e se mostram e com certeza incomodei alguém. Com tudo isso resolvi tornar público algumas coisas só minhas que podem servir pra ajudar alguém que se disponha a ler este blog. Acho que a união faz a força e aqui quero me unir a pessoas que estão dispostas a enfrentar esse preconceito ridículo que está matando muitas de nós.


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segunda-feira, 22 de março de 2010

Nos apresentando


Este é um blog pra falar de nós, mulheres com curvas, exuberantes em suas formas. Mulheres que são mães, esposas, namoradas, solteiras, divorciadas, e acima de tudo somos gente e buscamos respeito, amor e paz. Nos amamos, no entanto, muitas vezes esquecemos-nos disso e nos deixamos levar por preconceitos formados pela amargura alheia. Já está na hora da gente se olhar de frente, encarar o espelho e lembrar que somos as únicas iguais a nós mesmas. Cada uma de nós, não é incrível? E a gente se dá o luxo de não reconhecer essa dádiva divina. Não é incrível a facilidade com a qual a gente se deixa abater pelo olhar dos outros? No fundo no fundo, nós nos punimos através deles. Punimos-nos por não termos a cara e o corpo da protagonista da novela do momento. Por isso aceitamos o olhar do preconceito, recolhemos dentro de nós e nos apossamos deles, torna-se cada dia mais nossa propriedade e é difícil desapegar deste sentimento, mais ainda tirar de nós. Sabe uma coisa eu acho lindas as pessoas magras, e acho lindas as pessoas gordas. Já abraçou um magrinho? Pra nós, parecem tão frágeis que dá vontade de proteger. E um gordinho? Não dá vontade de aconchegar naquele abraço e apertar mais e mais? Queridos, não existe essa luta, gordos x magros. A luta deve ser interna, contra nós mesmos e a capacidade que temos de nos deixarmos menor do que somos, de muitas vezes não reconhecermos nosso valor.

Eu sempre digo que já estive dos dois lados da balança, já fui magra, uma gata. E já há uns 15 anos vivo no mundo dos gordos, sou uma gatona agora. Já fiz todas as dietas malucas que existem, já tomei remédio indicado pela vizinha, pelo amigo e todos os chás existentes. Também já fiz dieta com acompanhamento médico, inúmeras vezes. Médicos de todos os gabaritos, de consultas que variavam dependendo do gabarito do endócrino de R$ 40,00 a R$ 400,00. Já gastei todo salário do mês entre médico e remédios. Fiz a dieta da sopa, do carboidrato. Ai, e quanta Amfepramona, Femproporex e Subtramina! Uma sanfona encarnada. Larguei mão. Assumi a gordinha que sou. Se eu gostaria de ser mais leve? Claro que sim. Mas não porque não me gosto, aprendi a me amar assim e sou feliz do jeito que eu sou, de verdade. Uma vez uma pessoa me disse que a gente deve ter orgulho daquilo que a gente se tornou e aquilo me deu uma nova compreensão do meu caminho. Descobri, de repente, que não era um corpo disforme, mas que tinha uma forma só minha. Que meus seios caídos alimentaram duas crianças lindas e pela minha barriga as mesmas duas chegaram ao mundo, e tantas outras coisas preciosas que meu corpo me proporciona.

Ah, você leitora desavisada, talvez neste momento deva estar pensando que eu sou uma daquelas pessoas de muita sorte, que só encontrou no caminho gente que me amava, desculpe por acabar com seu sonho. Cresci com uma madrasta, madrasta má, igualzinha a da Branca de Neve, quer pessoa melhor pra acabar com a auto estima alheia? Pois é. Ouvi muitas vezes meu marido dizer que não gostava de sair comigo porque eu era gorda e ele tinha vergonha de mim, muitas vezes me olhava e fazia pra mim gestos que lembravam uma luta de sumô, me sentia humilhada. Fui acreditando nisso e aceitando, me sentindo e me fazendo cada vez mais feia. Não, não era estar gorda que me fazia feia, mas era o não gostar de mim e o me olhar pelo olhar do outro. Ah, gente, a gente precisa se amar, senão todo mundo vai falar de você o que bem entender e você vai acreditar. Se você chegou até aqui neste texto, aceite um conselho: olhe-se no espelho, mas mude seu olhar, toque seu corpo, olhe seus olhos, perceba as marcas da tua história, veja o os teus pontos altos, o que é bonito em você e não me diga que não tem porque eu sei que tem. Encontre-se com você e se declare amor eterno.


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